Costurando Sonhos

A cada dez brasileiros, quatro são empreendedores. Muitos deles, em sua maioria mulheres, têm se aventurado entre linhas e agulhas no mundo da moda – setor que emprega mais de 1,5 milhão de trabalhadores e fatura anualmente 45 bilhões de dólares. O sonho de ter o próprio negócio atrai muitos jovens: cinco milhões de brasileiros, entre 18 e 34 anos, estão colocando a mão na massa, segundo a Fundação Getúlio Vargas.

Mas não adianta apenas ser apaixonado por moda. Para dar início a um projeto é preciso se capacitar, fazer pesquisas de mercado e conhecer o público-alvo. De acordo com o Senai Cetiqt, para se destacar no setor é preciso ser multifuncional.  “Não é mais só construir a roupa, há um leque de competências que precisam ser desenvolvidas”, explica Ana Claudia Lopes, coordenadora do curso de Design de Moda da entidade. O Senai, junto com dez empresas da indústria, montou um perfil com as habilidades do profissional. Uma das qualidades é a capacidade de analisar os concorrentes, a maneira como se comunicam e comparam preços.

Foi o que fez Eduarda Figueiredo, de 29 anos. Após olhar os produtos disponíveis percebeu que havia espaço para biquínis com qualidade, beleza e conforto, porém mais baratos. “Com uma amiga, vimos o que era necessário para a criação da marca e, em dois meses, já estávamos prontas para estrear no mercado”, contou Duda, sócia fundadora da marca de roupas de banho “Vou de Pipa”. Outro requisito para o profissional, destacado pelo Senai, é saber gerir o produto. Não basta fazer a roupa, é preciso gerenciar a produção.

Eduarda não fazia diferente, todo o processo passava pelas mãos da nova empreendedora. “Eu desenhava, comprava o tecido, ia até a confecção mandar fazer e ficava sempre de olho em todas as mudanças”, disse ela. Com venda online e apenas um ponto físico no ateliê de uma amiga começou a chamar a atenção de influenciadores digitais. “A filha de uma famosa atriz global comprou um modelo nosso e colocou no Instagram. Por conta disso, sites começaram a dar matérias sobre os produtos e, a partir daí, conseguimos ampliar nosso público”, declarou Duda. Em 2017, juntou-se com outra amiga que também tinha vontade de ter um local próprio, além do e-commerce, para expor seus produtos. Com isso, pensaram no Coletivo Tertúlia, que tem como objetivo divulgar pequenas marcas e também algumas que vem de fora de Niterói para o público da cidade.

As irmãs Duda e Maria Fernanda na sede do Coletivo Tertúlia

Seguindo os passos da irmã, Maria Fernanda Figueiredo, de 23 anos, voltou seus olhos para o mundo da moda. Sempre teve vontade de vender suas roupas e queria unir isso ao sonho de empreender. Junto com duas amigas fundou o Bazar Co, onde expunham peças de seus guarda-roupas. “É necessário ter o olhar do consumidor. Se colocando do outro lado é possível aprimorar e entender o que o público quer”, disse. No primeiro bazar, juntaram suas roupas, peças de amigas e de parentes. Marcas consolidadas, digital influencers e conhecidos que possuíam negócios similares tiveram interesse no projeto. “Antigamente bazar era visto como algo passado, trash. Hoje em dia, cada vez mais as pessoas estão fazendo compras conscientes”, afirmou a jovem.

Outro ponto para o sucesso da marca é saber se comunicar, como explica Ana Claudia, do Senai Cetiqt: “As redes sociais são uma excelente vitrine para quem está começando”, sugeriu. O uso da internet conta com a força de blogueiras, vloguers, digital influencers e celebridades. Ingrid Gonçalves, de 21 anos, é uma dessas pessoas. Dona da loja online “PGON Store” a estudante de moda relatou que, desde pequena, tinha o hábito de customizar. “Minha mãe brigava porque eu cortava até roupa nova. Sempre amei isso, gostava de usar o diferente”, disse ela.

Maria Fernanda (primeira da direita) na inauguração do Bazar Co

A comunicação clara faz transparecer a essência da marca e os valores que ela prega, o que é essencial para as vendas. Com 155 mil seguidores em sua conta do Instagram, Ingrid não só expõe sua marca como também compartilha o dia a dia relacionado à moda. “Saber que as pessoas gostam de acompanhar minha vida, minhas dicas, pensamentos e looks, não tem preço!”, contou Ingrid. O sonho de empreender sempre esteve presente em seu cotidiano, mas o momento de seguir veio ao entrar na faculdade de moda, onde busca aprender cada vez mais para colocar em prática. “Se eu pudesse, empreenderia várias coisas. Mas meu sonho, até antes de saber que queria fazer moda, era ter uma marca de roupas”,disse a jovem.

O crescimento do número de jovens empreendedores vem impulsionando os negócios de moda, segundo o coordenador do Núcleo de Empreendedorismo e Inovação da ESPM Rio, Rodrigo Carvalho. “A barreira que existia para a entrada neste mercado caiu. Começar nesse ramo ficou muito mais fácil. Além disso, a liberdade no processo criativo é maior e as pessoas se sentem realizadas profissionalmente”, disse ele, que complementou: “Muitas se lançam nesse desafio de ter a própria marca por alguns objetivos: um deles é a maior facilidade de começar um negócio (criar, promover, divulgar). Isso tudo é um exercício de construção artística e autoral com seus projetos, já que criam como se fossem para elas mesmas e atraem quem pensa parecido, finalizou Rodrigo.

Serviço

Coletivo Tertulia
R. Coronel Moreira César, 265
Loja 221 – Niterói, RJ
Tel.: (21) 3619-9177
instagram.com/coletivo.tertulia
Facebook: Coletivo Tertulia

PGON Store
instagram.com/pgonstore

Senai Cetiqt
R. Magalhães Castro , 174
Riachuelo – Rio de Janeiro, RJ
www.senaicetiqt.com
Tel.: (21) 2582-1001