Operação Marmita

Todo início de ano é também o começo de um novo ciclo cheio de expectativas que são projetadas em função do saldo do período que se findou. Aprendemos com 2022, o ano pós-pandêmico, a importância da ajuda humanitária.
A fome, sem dúvida, foi uma das mais graves sequelas deixadas pela pandemia. Uma pesquisa realizada pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) revelou que cerca de 19 milhões de pessoas no Brasil passaram fome até o fim de 2020, e que  55,2% dos lares brasileiros viveram com algum nível de insegurança alimentar durante o ano.

Foi nesse cenário que a família mais engajada de Padre Miguel, na Zona Oeste do Rio, decidiu começar um projeto para levar alimento à população em estado de vulnerabilidade social.

Tudo começou em um domingo de Páscoa de 2021. A família se juntou, produziu 56 marmitas e começou a distribuir pela Zona Oeste. Esse foi o início da Operação Marmita.

Família reunida em dia de operação

“A Operação Marmita surgiu num momento de muita dor e luto para minha família e a gente viu nessa ação a oportunidade de transformar essa dor que estávamos sentindo”, explica Ana Flávia Rodrigues, estudante de jornalismo que é responsável pela divulgação e rede social do programa.

Voluntários ajudando a montar as marmitas

Ela conta que a perda de uma prima muito querida para o câncer incentivou os familiares a se unirem e, por meio da caridade, honrar a memória dela. “Ela era professora de escola pública e estava sempre pensando nos alunos, nas crianças. Quando adoeceu, falamos muito sobre como ela passou a vida se doando para os outros”, Ana relata.

A Operação Marmita é mensal, geralmente ocorre no segundo ou terceiro domingo do mês e costuma contemplar cerca de 300 a 400 pessoas. A ação atua principalmente na Zona Oeste, mas também vai até uma parte da Zona Norte,  até Marechal Hermes. As equipes são distribuídas de acordo com a disponibilidade e divididas entre o grupo de produção – quem faz a marmita – e pessoas da entrega.

 

Ana Flávia explica que a divulgação do projeto é 100% feita pelas redes sociais, principalmente pelo Instagram @operacaomarmita , assim como a arrecadação. Dependendo da quantidade de doações, os membros pioneiros da ação ainda cobrem as despesas necessárias, sendo que, a cada 5 reais arrecadados é possível produzir um kit marmita com comida e água. Existem várias formas de ajudar o projeto, até mesmo se não tiver dinheiro para doar. Fazer a comida, ajudar a entregar ou, se não for possível participar presencialmente, ajudar compartilhando os materiais de divulgação da página. Todas as pessoas que ajudam são chamadas de “Amigos da Operação”.

A estudante de Letras, Ellis Siqueira, é uma das Amigas da Operação. Ellis conta que conheceu o programa desde a sua criação e participa da montagem e entrega das marmitas. Ela declara que sempre esteve muito ligada às questões sociais e que, quando o projeto começou, achou a oportunidade perfeita de ajudar efetivamente pessoas em situação de vulnerabilidade social e fez uma declaração marcante.

 Ellis ainda reitera que toda ajuda é válida. “Algumas pessoas se envergonham em relação à maneira como podem contribuir, mas não é preciso de muito. Por exemplo, na página da operação marmita, sempre é reforçado que, além de qualquer doação, a divulgação do projeto também é muito importante, porque é uma forma de alcançar diferentes grupos e, consequentemente, ampliar a visibilidade do projeto.”

Para preservar a identidade dos assistidos, os participantes não divulgam fotos do momento da doação “Mas tem umas que marcam e tocam no fundo do coração, e nos fazem ter a certeza que estamos no caminho certo!” Arthur Saldanha, Amigo da Operação, revela. / Foto: Arthur Saldanha

 

Fim de ano é sempre um momento agitado para o projeto. A família organizou uma mega operação para o Natal e Ano Novo, que foi bem acolhida pela população, tomada pela solidariedade de fim de ano. Dessa vez, aproximadamente 400 marmitas foram distribuídas e Ellis relata que em cinco minutos todas as 70 marmitas que seu grupo era responsável, acabaram. Apesar das doações em épocas festivas serem muito bem-vindas pelos assistidos, é necessário lembrar que a situação das pessoas que vivem nas ruas e que estão em vulnerabilidade alimentar não desaparece quando o último dígito do ano muda.

2 Replies to “Operação Marmita”

  1. Parabéns aos idealizadores e realizadores do “ Operação Marmita”! É um grupo de jovens engajados na luta contra a fome. Mais do que levar o alimento para o corpo, levam alento a tantos em condições de rua. Com certeza, o grupo recebe muito mais do que se dá. É luz que volta pra cada mão que doa. Deus os abençoe, Amigos da Operação Marmita “!🙌

  2. A Operação Marmita é um projeto que desperta em nós o verdadeiro sentido de ser humano. A alegria maior não é dos que recebem a alimentação. Eles sentem alívio em amenizar a triste realidade da fome. A alegria é nossa , afinal temos aproveitamos para entender e desenvolver o que realmente é a caridade. A Operação Marmita surgiu do momento de dor, muita dor, sim. Contudo, nos trazendo a lição de que “FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO “. Parabéns a todos os envolvidos. Que Deus nos abençoe onde quer que estejamos.

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