Gucci ainda era filhote quando foi abandonado. Por sua sorte, o Abrigo João Rosa o resgatou. Ficou em um lar temporário oferecido por um voluntário e logo em seguida encontrou uma família para adotá-lo. Esse é o rumo da maioria das ninhadas resgatadas pelo abrigo, porque os filhotes são os mais procurados no momento da adoção. Mas infelizmente, Gucci acabou sendo devolvido para o canil após alguns meses, uma vez que os donos não tinham condições de cuidar.
Voluntária há quatro anos no Abrigo João Rosa, Anita Leocadio explica que os abrigos são uma solução temporária para a vida desses animais, que no canil podem receber alimentação e cuidados básicos, mas ainda não é o ideal. Pets, como cães e gatos, são seres sociáveis e apesar de conseguirem suprir suas necessidades essenciais no abrigo, ainda carecem do afeto proporcionado pela convivência com pessoas Pensando em uma alternativa para aqueles que gostariam de ajudar, mas não podem levar um cão para casa, o Abrigo João Rosa possibilita o apadrinhamento dos animais do canil. Essa iniciativa, que existe desde a fundação, além de baratear os custos, estimula a socialização dos cães.
A proposta é que o padrinho se responsabilize afetivamente pelo animal, podendo fazer visitas e dedicar um tempo especial a ele, até mesmo fora do canil. O abrigo continua responsável financeiramente pelo cão, mas o padrinho também pode contribuir com gastos em cuidados especiais que o afilhado venha a ter. O apadrinhamento serve como solução temporária para os animais abandonados, que no Brasil já são mais de 30 milhões, segundo dados da Organização Mundial da Saúde.
Gucci foi apadrinhado por Lucelena Esteves no período em que esteve de volta ao abrigo. Ela fazia visitas, dava petiscos e passeava com ele fora do canil. No Abrigo de Portas Abertas, como o próprio nome subentende, o espaço fica livre para visitação dos dindos e voluntários. Lucelena encontrou ali uma forma de oferecer seu amor e cuidados a um cãozinho, sem ter a total responsabilidade sobre ele. Anita contou que os cães ficam mais tranquilos e dóceis quando estão com os padrinhos. “A socialização com os dindos é uma das partes mais importantes do apadrinhamento. É com essa relação que eles constroem que os cachorros podem reconquistar a confiança nos humanos. Se tornam menos agressivos e mais sociáveis”, destacou a voluntária.
Anita reforçou que a adoção é uma forma de oferecer um lar para que esses cães tenham uma segunda chance. Apesar do processo rigoroso para selecionar uma família adequada às particularidades do cachorro, ela contou que ainda assim é comum que animais sejam devolvidos. Como os cães são resgatados, não é possível prever seu tamanho nem seu perfil de comportamento. Por isso, no momento da adoção, questões financeiras e a infraestrutura da casa devem ser levadas em conta. Sofia Wajnsztok, associada da Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (SUIPA), lembra que além de carinho, um pet demanda cuidados veterinários e isso envolve gastos. Ela adotou a Ládia, na SUIPA, há 11 anos. Trata sua cachorrinha, com problemas cardíacos, na própria sociedade, que oferece atendimento veterinário a preço popular. “Você tem que ter cuidados com o animal, não é só vacinar, tem que fazer exames, levar no médico”, reiterou Sofia.
Na SUIPA, uma das instituições mais conhecidas, estão abrigados em média 4 mil cães e 800 gatos em sua sede principal. De acordo com Sylvia Rocha, diretora social da instituição, o consumo diário de ração só dos cães é de mais de uma tonelada. Os abrigos arcam com uma despesa fixa alta e ainda têm que driblar a instabilidade da receita proveniente de doações espontâneas e de associações. No estado do Rio de Janeiro não há nenhum órgão especializado responsável por esses animais. Portanto, sem assistência especifica, eles vivem em situação de vulnerabilidade, comumente sofrem maus tratos, o que pode acarretar um comportamento desconfiado ou até mesmo agressivo, como forma de defesa.
Por exemplo, Gucci, cãozinho apadrinhado por Lucelena, ficava mais arisco quando estava próximo de homens, até mesmo do adestrador, o que sinalizava a possibilidade dele ter sofrido alguma maldade anteriormente. “Esse período que o acompanhei, vi como ele mudou”, contou a dinda. Ela observou que suas visitas, junto ao adestrador do abrigo, foram primordiais para ele perder o medo das pessoas.
Graças a esse tempo de ressocialização com Lucelena, Gucci vai receber um novo lar. Depois de quase quatro anos no abrigo, ele foi adotado por José Silva, que está emocionado com o novo integrante da família. “Estamos muito felizes com a experiência, saber que ele agora tem um lar e duas pessoas que o amam muito. Foi ele quem me adotou”, conta José. Quando a dinda soube da novidade foi só alegria e declarou que já marcou para conhecer seu futuro afilhado na próxima edição do Abrigo de Portas Abertas. Lucelena já tem uma cachorrinha, a Brisa, que veio justamente na mesma ninhada do Gucci. “Sou muito agradecida deles terem salvado essa criaturinha, ela é a alegria aqui da casa”, vibra. Há quatro anos com Brisa, ela reforçou a qualidade do trabalho desempenhado pelo abrigo, e diz que os voluntários são atenciosos e levam muito a sério a missão de ajudar os animais.
Muito linda a iniciativa! Na próxima edição do Abrigo de Portas Abertas gostaria de participar ❤️❤️❤️❤️
Excelente matéria. Gostei muito.
Sou madrinha do SEGAL.
Com toda certeza, como o nome já diz apadrinhar é ter responsabilidade com seu afilhado. Apesar de meus 6 afilhados sei que preciso dar mais atenção a eles. Não tenho o ido no abrigo de portas abertas. Preciso me organizar para ser mais participativa. O texto e verdadeiro e justo.
QUEM ADOTA NÃO RESGATA UMA VIDA, É TAMBÉM RESGATADO!