Aventura pelas trilhas do Rio e Niterói

Por Ana Luísa Vasconcellos e Luís Felipe Granado

A cidade do Rio de Janeiro abriga mais de 500 trilhas de diversos níveis, que dão ao visitante uma oportunidade gratuita de conhecer outros aspectos da Cidade Maravilhosa. O município vizinho, Niterói, também é um convite ao turista a dar uma escapada e curtir a Cidade Sorriso em meio à natureza.

Com a chegada do feriado, muitos cariocas buscam opções de programas ao ar livre para fugir das aglomerações. Segundo Alex Figueiredo, diretor do Parque Natural Municipal de Niterói, esse é um movimento percebido pela administração há algum tempo: “Na verdade, desde o início da pandemia houve um aumento quase que brutal por locais ao ar livre, até pela questão da crença da baixa expansão do vírus em ambientes abertos”, relata. Ele, entretanto, alerta que é necessário tomar cuidado, uma vez que grande parte do público talvez não conheça a forma segura de caminhar em trilhas. Por isso, aqui vão algumas dicas que podem ser úteis para os principiantes:

– Pesquisar sobre o percurso de interesse.

– Entrar em contato com os parques ou buscar informações com pessoas que já fizeram a trilha.

– Levar garrafinha com líquido para hidratar e alimento leve, como frutas e barrinhas de cereais.

– Passar protetor solar e reaplicar durante o percurso.

– Passar repelente.

– Usar máscara mesmo ao ar livre e levar álcool em gel.

– Levar algo para guardar o lixo que produzir.

Andrei Veiga, gerente das unidades de conservação do Inea, informa as condições atuais de funcionamento. “Durante a pandemia, o Inea registrou uma grande procura de visitantes, moradores do Estado do Rio de Janeiro, em busca de opções de lazer e de práticas desportivas.

Os locais dentro das unidades de conservação que estão fechados para visitação são banheiros, centro do visitante, vestiários, campings públicos, academias da terceira idade, parques infantis e bebedouros. E alguns atrativos como cachoeiras, lagos e praias, uma vez que esses locais causam aglomeração na visitação.”  Em caso de dúvidas, os visitantes podem acessar os sites:  inea.rj.gov.br e  parquesestaduais.inea.rj.gov.br”.

Caminhadas ao ar livre para curtir o feriado
Essa sinalização é comum nas trilhas para demonstrar o caminho adequado / Divulgação PARNIT

 

Rio de Janeiro

Caminhadas ao ar livre para curtir o feriado
Trilha do Pico da Tijuca

Pico da Tijuca

O Pico da Tijuca é o ponto mais alto do Parque Nacional da Tijuca, com 1.021 metros de altitude, e também o segundo mais alto do Rio de Janeiro, atrás apenas da Pedra Branca, com 1.024 metros. A trilha, apesar de longa, é perfeitamente acessível, coberta na maior parte do tempo pela copa das árvores e dura em média duas horas. Seu platô permite observação da cidade em 360º, com destaque para a Pedra Bonita, Morro Dois Irmãos e Niterói, sendo possível enxergar até a Serra dos Órgãos.

A trilha conta também com uma escadaria de 117 degraus esculpida na própria pedra. A origem dos degraus é incerta, porém a história mais aceita é a de que o presidente Epitácio Pessoa mandou esculpi-los para receber o rei belga Alberto I, um entusiasta do alpinismo, o curioso é que o rei teria se negado a subir os degraus, e preferiu a escalada.

A entrada principal do Parque Floresta fica na Praça Afonso Viseu, Alto da Boa Vista. Ao entrar, basta caminhar pela rua principal até o Bom Retiro, onde começa a trilha pela montanha. As linhas de ônibus indicadas são 301, 302 e 345.

 

Pedra bonita

A Pedra Bonita, como o próprio nome já diz, encanta pela beleza. Esse caminho é para quem procura uma trilha completa, mas não está a fim de passar sufoco. Leva em torno de uma hora até o topo, fazendo com que seja perfeita para iniciantes. Localizada também no Parque Nacional da Tijuca, a caminhada tem início na Estrada das Canoas, São Conrado. O mirante da Pedra Bonita tem vista para a Praia de São Conrado, Morro Dois Irmãos, Pedra da Gávea, Barra da Tijuca e muito mais. E para os mais aventureiros, o platô do mirante é perfeito para a prática de vôo livre.

Antes de a região ser agregada ao parque e se tornar área de proteção ambiental, a trilha era utilizada por moradores que trabalhavam com extrativismo vegetal para atender à demanda por madeira do Rio de Janeiro em expansão. Ainda hoje, é possível ver o calçamento original feito com pedra pé-de-moleque.

A melhor forma de chegar é pegar o ônibus da linha 525 e descer na estrada Lagoa-Barra. De lá, basta pegar a linha 448 em direção ao Alto da Boa Vista e desembarcar em frente à estrada de acesso à Pedra Bonita.

  

Pedra do Telégrafo

Famosa pelas fotos supostamente arriscadas e perigosas, a Pedra do Telégrafo é uma das mais charmosas da zona oeste. Localizada no Parque da Pedra Branca, em Guaratiba, a pedra ganhou esse nome pois, durante a Segunda Guerra Mundial, era utilizada como ponto estratégico para a observação de embarcações inimigas. Além da vista privilegiada para o mar, também é possível ver as praias de Grumari, Recreio e Barra da Tijuca.

Caminhadas ao ar livre para curtir o feriado
Vista da Pedra do Telégrafo / Divulgação @pedradotelegrafo

A trilha começa pela Praia Grande, em Guaratiba e, em seguida, é preciso dirigir-se até o Caminho dos Pescadores. De lá, é necessário subir a escadaria que leva à Capela de Nossa Senhora das Dores até chegar à Rua Parlon Siqueira – a ladeira íngreme que conduz às praias selvagens, aquelas que só se tem acesso por meio de trilhas ou barcos. A grande atração é a “Pedra da Bigorna”, que dá o visual de precipício, mas na verdade é possível até ficar de pé embaixo da pedra.

A maneira mais simples de chegar à Praia Grande é ir de trem até a Estação Campo Grande, e de lá pegar o ônibus da Linha 867 (Campo Grande x Barra de Guaratiba) em seu ponto inicial e descer no ponto final. O caminho de retorno é o mesmo.

 

Niterói

Trilha do Costão de Itacoatiara

O Costão de Itacoatiara, é conhecido por sua vista única da Praia de Itacoatiara. São 30 minutos de caminhada para subir, com o tempo estimado de 1h no total, mas a caminhada exige certo condicionamento físico. Com 2km de percurso (ida e volta), é considerada de dificuldade média. A trilha possui um cabo de aço que ajuda na subida da parte mais íngreme e lisa, quando há somente pedra, mas mesmo assim é importante o uso de tênis adequado para não escorregar e bastante protetor solar. Por conta da altitude de 217 metros e pela leve dificuldade, talvez seja difícil subir a trilha com crianças e idosos. 

Caminhadas ao ar livre para curtir o feriado
Vista ao topo do Costão de Itacoatiara

 

Ao chegar ao topo, o esforço vale à pena! O caminhante se surpreende com a vista panorâmica da praia. A trilha faz parte do Parque Estadual Serra da Tiririca, administrado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), e começa pela Rua das Rosas, 24, muito próxima à Praia de Itacoatiara. Durante a pandemia, foram tomados cuidados para garantir o distanciamento social, com um máximo de 10 pessoas por grupo, distância mínima de 2 metros e a obrigatoriedade do uso de máscara durante a realização da caminhada. O máximo de visitantes por dia é 200 pessoas e, em fins de semana, pode haver lotação. A trilha funciona de 8h às 17h e durante o fim de semana e feriados deve ser feito o agendamento prévio pelo site sympla.com.br.

 

Travessia São Francisco x Cafubá

Caminhadas ao ar livre para curtir o feriado
Vista da Trilha Temiminó / Divulgação PARNIT

Essa é para quem tem mais fôlego! São cerca de três horas de caminhada com dificuldade moderada a alta. Mas a trilha é como um corredor pela natureza, ferece a oportunidade de observar de perto a fauna e a flora. A travessia é a maior trilha ecológica de Niterói, com cerca de sete quilômetros de extensão. Para fazer um comparativo, sua distância é mais do que o triplo da trilha do Costão de Itacoatiara.

Também chamada de travessia Temiminó, a trilha é toda sinalizada e proporciona aos amantes da natureza uma experiência diferente de imersão. O caminho pode começar por São Francisco, passando pelo Bosque dos Eucaliptos, ou então pelo Parque da Cidade. Durante o percurso, o caminhante poderá se refrescar no Córrego da Viração e passar pelo Morro do Imbuí, chegando à Prainha de Piratininga.

 

 

Trilha do Morro das Andorinhas

Localizada no bairro de Itaipu, a entrada para a trilha do Morro das Andorinhas fica na Rua da Amizade, perto da Igreja. A trilha é tranquila, sendo possível levar crianças ou animais de estimação até os primeiros mirantes, já que é composta de duas etapas. O visual da trilha é diferente por proporcionar mais de um ponto de vista em seus mirantes, além de uma imersão na natureza com a presença de micos e muitos pássaros. Ao final, alguns trilheiros ainda podem avistar tartarugas no mar. A sinalização da trilha não é muito boa, então a dica é ficar atento ao caminho aberto na mata, mas é difícil se perder, uma vez que é possível avistar as praias rapidamente nas laterais da trilha e voltar ao caminho central.

Para chegar ao primeiro mirante, a subida é de 25 minutos, cerca de 1km de trilha, com 140 metros de altitude. Neste ponto, o caminho leva a três opções: a vista da Praia de Itacoatiara, dessa vez pelo lado direito da praia, a Praia de Itaipu e Lagoa de Itaipu e também as praias de Camboinhas e Piratininga. Depois desse ponto, a segunda etapa leva cerca de 40 minutos e é menos conhecida, além de um pouco mais cansativa. Ao final da caminhada, pode-se observar a Ilha da Menina, próxima ao mirante, e a Ilha da Mãe, mais distante. Durante a segunda etapa, é necessário tomar cuidado com cobras e animais peçonhentos, já que a mata é mais fechada. O polo de atendimento mais próximo para o caso de acidentes é o Hospital Antônio Pedro, localizado na Rua Marquês de Paraná, Centro de Niterói.

A conscientização da preservação do meio ambiente é fundamental nas caminhadas ecológicas. O turista não deve deixar nada além de lembranças, nem tirar nada mais do que fotos. Aproveite!

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