Arrume suas malas, separe seus documentos e prepare-se para decolar! Fazer um intercâmbio durante a formação é, sem dúvidas, uma das experiências mais agregadoras pelas quais um estudante pode passar durante a sua vida acadêmica. Conhecer novas culturas, aprimorar um segundo idioma e entender como outras partes do mundo funcionam são só algumas das vantagens de estar em outros países com a intenção de aprender e expandir os próprios horizontes. E mais do que ter vontade, é importante saber quais oportunidades existem e o que fazer para alcançar a tão sonhada vaga.
Muitos jovens idealizam a experiência de viver fora, mas, na maioria das vezes, esse desejo pode parecer distante pelo alto custo de passagens, estadia e alimentação em um lugar diferente. No entanto, programas de intercâmbio de organizações, governos ou rede estadual podem garantir o passaporte para esse sonho. Da China à França, ou quem sabe uma visita a Washington, capital dos Estados Unidos? Conheça a seguir algumas opções de intercâmbio de baixo custo para jovens estudantes.
Escolas bilíngues da rede estadual
Graças a esses programas que Daniel Trabbold, aluno do 2º ano do Colégio Estadual Matemático Joaquim Gomes de Sousa, fez dois intercâmbios na China em um único ano. Ele participou do “Summer Camp” e, através de uma performance de flauta, conseguiu uma vaga no “Chinese Bridge”, espécie de show de talentos da cultura oriental.
“Estudei mandarim apenas no colégio e foi gratificante conseguir colocar o idioma em prática e, de fato, perceber que eu podia me comunicar com um chinês”, contou. “Conhecemos escolas, universidades, museus, fomos a concertos e passamos por uma imersão total na cultura chinesa”, destacou o jovem que já teve a oportunidade de cruzar o mundo duas vezes através dos estudos.
Daniel é um dos alunos das escolas bilíngues da rede estadual do Rio de Janeiro. Inauguradas em 2014, elas proporcionam um ensino baseado em interculturalidade, onde o adolescente tem a possibilidade de estudar línguas como francês, inglês, espanhol, turco e mandarim, e também a cultura do país correspondente.
As unidades costumam fechar parcerias para que os estudantes possam fazer intercâmbios. O Intercultural Brasil-China, por exemplo, que fica em Niterói, envia, todos os anos, alunos do 1º ao 3º ano para conhecer a China pelo projeto “Summer Camp”. A cada edição, cerca de 20 alunos ficam no país durante 20 dias para visitar escolas de diferentes cidades e promover trocas culturais com nativos.
“A seleção é interna e são priorizados aqueles que se destacam não apenas nas notas, mas também no interesse e desenvoltura em relação às práticas orientais desenvolvidas durante todo o ano letivo”, declarou Judite Souza, orientadora educacional do CE e uma das responsáveis por acompanhar os 23 jovens que realizaram o intercâmbio em 2018.
Para entrar nas unidades bilíngues, e ter a chance de participar de um dos programas, os alunos que concluírem o Ensino Fundamental não precisam passar por prova de seleção. A inscri-
ção nesses colégios é feita partir do “matrícula fácil”.
Programa Jovens Embaixadores
É uma iniciativa de responsabilidade social da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, em parceria com organizações públicas e privadas, que também permite que jovens conheçam o exterior. Todos os anos, 50 alunos da rede pública, de 15 a 18 anos, são enviados aos Estados Unidos. O programa busca por representantes que sejam exemplos em sua comunidade. Já ter participado de trabalhos comunitários, por exemplo, é um diferencial para quem deseja tentar uma das vagas para conhecer a terra do Mickey.
Daniel de Fúcio Fernandes, estudante do Ciep 117, localizado em Nova Iguaçu, foi um dos selecionados pelo programa em 2018 devido ao seu trabalho de monitor no Clube de Ciências do colégio onde estuda. O aluno que preparava matérias para as aulas práticas e dava monitoria de Biologia e Química teve a oportunidade de participar, durante três semanas, de diversas atividades interculturais, como conhecer a capital Washington e seus museus, escolas, projetos sociais, e, também, desenvolver a língua inglesa em reuniões e oficinas sobre empreendedorismo.
Além da capital, Daniel teve a oportunidade de passar por diversos estados americanos, tendo aulas nas escolas locais e interagindo com alunos da mesma idade, com a finalidade também de levar cultura brasileira ao exterior através de apresentações e seminários. “Quis mostrar que somos capazes. A minha participação nesse programa foi possível pela união de todos os meus professores, família e amigos”, relatou Daniel, exemplo de que as possibilidades existem e, com esforço, é viável viver uma experiência que parecia distante para aluno da rede pública.
O “Jovens Embaixadores” é uma iniciativa que se encontra ativa e é importante ficar de olho nos períodos de inscrição no site oficial da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil.
Programas de Mobilidade Internacional no Ensino Euperior
Quem está perto de se formar no colégio pode ter ampliada a chance de fazer intercâmbio de baixo custo ao ingressar em uma universidade. No Rio, por exemplo, todas as faculdades públicas contam com programas de mobilidade, onde os alunos podem estudar matérias referentes ao seu curso em uma universidade no exterior. Esses intercâmbios costumam durar de seis meses a um ano, e os estudantes podem disputar bolsas para ajudar nos custos no país.
Na Universidade Federal Fluminense (UFF), por exemplo, o destino mais comum e que mais oferece vagas segundo a SRI (Superintendência de Relações Internacionais) é Portugal. Mas há também opções na Espanha, França, Estados Unidos, Holanda, entre outros, caso o jovem busque a fluência em algum outro idioma específico, além de viver a imersão na cultura local durante um período.
Os editais de mobilidade internacional costumam ser liberados de ano em ano. Então, durante a graduação é possível tentar algumas vezes a tão sonhada vaga, aumentando as possibilidades
estudar fora.
A oportunidade de viver seis meses dentro de uma cultura completamente diferente da brasileira é incrível. De janeiro a agosto de 2018, eu tive a vivência de morar em Sevilha, na Espanha, e estudar jornalismo na US (Universidad de Sevilla). Entender métodos diferentes de ensino, trocando conhecimento com professores e colegas de classe com uma visão de mundo diferente será um diferencial ao exercer a minha profissão. Além da parte acadêmica, um intercâmbio é o momento perfeito para amadurecer, viver o desconhecido, criar laços afetivos antes inimagináveis e, claro, atingir fluência em um idioma estrangeiro. É sem dúvidas uma experiência completa e eu sou muito grato pela minha universidade ter me proporcionado essa troca cultural, que, muitas vezes passada a época dos estudos, se torna mais improvável.”
Bruno Mouro, estudante de Jornalismo da UFF